domingo, 27 de agosto de 2017

Minha Trajetória na Graduação



  Olá amigos, depois de um bom tempo sem publicar aqui na página, hoje resolvi dedicar-me a falar sobre a minha trajetória na graduação, expondo as minhas superações, bem como as dificuldades enfrentadas.

Por Nataly Pessoa

   Bom, iniciei a graduação no curso de Direito em 2010, em um Centro Universitário em Natal, no começo estava bem feliz, pois antes do Direito, frequentei dois cursos, nos quais não me identifiquei e acabei desistindo, além da dificuldade de interação social mais evidente na época. E estudando para concursos públicos, identifiquei-me bastante com a área jurídica, decidindo portanto em cursar Direito. Mas, nem tudo foi fácil, enfrentei muitas dificuldades, uma delas infelizmente, o Bullying. 
Nos primeiros semestres do curso, ainda não havia sido diagnosticada com a Síndrome de Asperger (grau leve do Autismo), porém eu tinha a consciência de que nada ia bem comigo. Como eu tinha dificuldade em interagir-me com muitos da turma, muitas vezes durante o intervalo acabava isolando-me em um local mais reservado e tranquilo, pois como sempre tive a hipersensibilidade sensorial, não suportava o barulho intenso nos corredores da faculdade e isso, fazia com que algumas pessoas da turma ficassem me chamando de "esquisita". Tive sérias dificuldades com trabalhos em grupo, pois alguns não queriam que eu participasse, pois diziam que eu era "problemática", porém como sempre tive facilidade em aprender os conteúdos de maneira rápida, não gostava quando se aproveitavam de mim por conta disso. Já escutei algo do tipo: " Ah, porque você não faz um curso mais fácil? Direito é muito difícil para você.". Resultado, não consegui mais ficar na turma e acabei trancando o curso durante um ano, sofri muito com toda essa situação. E foi nesse período, 2011, que fui diagnosticada pelo então psiquiatra e amigo, que me acompanha até hoje. Foi uma reviravolta na minha vida, mesmo sabendo que havia algo de diferente no meu jeito de ser e confesso que foi a melhor notícia, pois tudo o que não entendia acontecer comigo, passou a ficar mais esclarecido. Em 2012, voltei ao curso, uma nova turma e novos colegas, confesso que fiquei com medo de sofrer novamente, porém vi que recebi bastante apoio e no mesmo ano criei este blog, para informar e conscientizar mais sobre o Autismo. Desde então, meu desempenho no curso melhorou muito, minha interação com os colegas foi melhorando. Mas infelizmente, sempre tinha uns que ainda comentavam que eu não tinha "cara de autista", que nunca viram autistas se formarem em Direito, muito menos serem advogados. Nunca deixei levar-me por esses comentários chatos e continuei seguindo em frente e confiante. 

  Sabe amigos, o que para muitos possa ser algo tão simples, que é ser aprovado em cada semestre acadêmico, para mim era motivo de comemoração pessoal, sentia que eu poderia ir além e que não há limitação quando a gente quer vencer. E sobre os meus percursos de idas e voltas da faculdade? Ah,  esses foram os desafios, praticamente em todos os dias.  Eu sempre utilizei o transporte público, foram muitos dias que eu não queria ir às aulas, devido aos ônibus cheios, pois devido à hipersensibilidade sensorial, tinha dificuldade com as pessoas encostando em mim, sem falar do barulho. Então, muitas vezes tinha a sobrecarga sensorial e acabava entrando em colapso ou crises. Mas enfrentei tudo isso até o término do curso. 

  Se por um lado, eu enfrentava a ignorância de alguns, por outro, tive muito apoio e carinho, sou grata a alguns professores que souberam me compreender.

  No quarto ano do curso, já na metade do ano, em 2015, consegui um estágio na área jurídica em um órgão do Estado, foi uma alegria, pois consegui uma superação expressiva na minha vida, além de conseguir estagiar, também consegui lidar com a mudança de rotina e a me adaptar ao local, graças ao pessoal da Assessoria Jurídica, que me apoiaram e acreditaram no meu potencial, sempre serei grata a todos. No mesmo ano, já no final, apresentei meu Trabalho de Curso, no qual fui aprovada. E segui para o último ano, 2016.

  Bom, cheguei ao final do curso bem confiante, aprendi que com os desafios, podemos os transformar em grandes vitórias.  Nada foi fácil, foram muitas lágrimas, muitas crises, mas nunca passava na minha cabeça em desistir, sempre fui persistente.  

  E o Exame de Ordem? Bom, já fui aprovada na 1ª fase e estou me preparando para a 2ª e estou confiante em ser aprovada. 

Meu amado pai, in memorian.
  Meus agradecimentos, a Deus, à minha família amada que sempre me apoiou em tudo, não posso de deixar de falar do apoio incondicional do meu amado pai, que não está mais entre nós, ele realizou o sonho dele, que era ser meu padrinho de formatura, ao meu marido, que sempre esteve comigo em todos os momentos e aos amigos que sempre torceram por mim. 

Obrigada!
















domingo, 11 de setembro de 2016

Autistas palestram no III Congresso Norte Mineiro de Autismo


Nos dias 02 e 03 de setembro foi realizado o III Congresso Norte Mineiro de Autismo, organizado pela Associação Norte Mineira de Apoio ao Autista - ANDA, na cidade de Montes Claros - MG.

O evento com o tema "O autismo pelo lado de dentro" foi o primeiro no Brasil a ter como palestrantes, os próprios autistas. Isso foi um marco muito importante, pois os autistas puderam falar com propriedade sobre suas experiências vividas com o autismo, sobre as suas superações e também, sobre as suas dificuldades.

O congresso teve como palestrantes: 

Caio Neri (Montes Claros - MG), 
Carolina Almeida (Montes Claros - MG), 
Victor Mendonça (Belo Horizonte - MG), 
Michelle Malab (Belo Horizonte- MG), 
Rodrigo Tramonte (Florianópolis - SC), 
Nataly Pessoa (Natal - RN) e 
Wilson Marx (Rio de Janeiro - RJ).

A abertura ocorreu na noite do dia 02 de setembro (sexta-feira) e Caio Neri foi o primeiro palestrante. 

Caio Neri

Estudante do curso técnico de informática pela IFNMG.

Caio foi diagnosticado com autismo aos 8 anos de idade.

Sua palestra teve como tema: "Ser autista: minhas habilidades e limitações".


Trecho retirado página da ANDA:

"Foi aberta com chave de ouro o III Congresso Norte Mineiro da Anda. Caio Neri além de muito tranquilo nos mostrou ao pronunciar suas palavras que ele tem muita noção do que aconteceu antes e depois do seu diagnóstico. Nos deu muitas lições principalmente sobre qual tratamento a sociedade, escolas e professores de apoio precisam ficar atentos para que ele e outros autistas recebam o tratamento igualmente ou quem sabe até com maior qualidade devido à informação hoje em dia mais globalizada. Um dos pontos altos de sua palestra foi quando ele relatou as estratégias usadas pela sua mãe e professoras para que ele conseguisse se desenvolver.
Nota-se também que ele convive muito bem com o seu autismo"


A segunda palestrante da noite de sexta foi a Carolina Almeida.


Carolina Almeida

Carolina é diagnosticada com Síndrome de Asperger. 

Funcionária pública e formada em Letras.

Ela divulga informações e temas relacionados ao autismo, através da sua página " Divulgue o Autismo".

Carolina é mãe de uma garotinha, que também é autista.

Sua palestra teve como tema: "As interferências das disfunções sensoriais no cotidiano da pessoa com TEA".

Trecho retirado página da ANDA:

"Palestra de Carol – Ontem os espectadores do III Congresso da Anda tiveram a grande oportunidade de ouvir esta cidadã que extraordinariamente nos contemplou com seus grandes exemplos de superação. Carol falou sobre suas limitações mais profundas com ricos e esclarecedores detalhes e o que é mais importante, ela mostrou a todos o caminho a seguir para quem se encontra em uma situação semelhante nos mostrando todas as suas conquistas, que não foram poucas. Hoje podemos dizer que Carol é uma especialista não somente em “Carolina Almeida” mas na maioria dos casos diagnosticados com Asperger".

http://andamoc.org.br/carolina-almeida/


O evento continuou durante todo o dia de sábado (03), pela manhã teve duas palestras, a primeira foi com o Victor Mendonça e em seguida, com a Michelle Malab.




Victor Mendonça

Victor foi diagnosticado com autismo aos 11 anos de idade. 

Estudante do curso de Jornalismo, colunista do blog "Tudo bem ser diferente" e "Mundo Asperger". 

Repórter da Revista "BH Mais". É ainda youtuber do canal " Mundo Asperger". 

Ele é autor dos livros: "Outro Olhar", "Reflexões de um Autista" e "Danielle Asperger".

Sua palestra teve como  tema: "Inclusão escolar uma construção diária".

Trecho retirado página da ANDA:

"No segundo dia do III Congresso Norte Mineiro da Anda recebemos o Victor Mendonça que além de escritor é um grande vencedor e estudante de jornalismo. O Palestrante nos deixou sua mensagem dando uma visão interna do seu mais profundo eu. Após a palestra V.Mendonça recebeu os novos leitores que farão parte do seu ciclo para autógrafos e cumprimentos pela sua participação no evento. Sucesso ao futuro jornalista Victor Mendonça".

http://andamoc.org.br/345-2/


Michelle Malab

Michelle foi diagnosticada com Síndrome de Asperger aos 34 anos de idade.

Ela é mãe de um adolescente, que também é autista.

Ministra e promove palestras sobre TEA.

Ativista na luta pelo direito da pessoa com deficiência e inclusão escolar humanizada. 

Sua palestra teve como tema: "Diagnóstico tardio do TEA". 


Trecho retirado página da ANDA:

"No segundo dia de congresso a Michelle Malab nos presenteou com a oportuna transferência dos seus conhecimentos e experiência no mundo autista. Hoje com o novo formato inovador iniciado exatamente no III CONGRESSO NORTE MINEIRO DE AUTISMO, o autismo realmente foi mostrado pelo lado de dentro. E quem disse que não temos que ouvi-los? Porque não questionar a demora da sociedade em extrair as informações direto da fonte. Hoje está muito claro que quem pode melhor nos ajudar sobre o assunto são os próprios diagnosticados".

http://andamoc.org.br/michelle-malab/


Na parte da tarde, as palestras foram realizadas por Rodrigo Tramonte, em seguida por Nataly Pessoa e fechou com Wilson Marx.


Rodrigo Tramonte

Rodrigo é diagnosticado com Síndrome de Asperger.

Formado em Artes Plásticas e Especialista em Produção Multimídia.

Ele é cartunista e caricaturista.

Trabalhou em agências publicitárias e empresas de materiais didáticos (atualmente freelancer). 

Ilustrador em estilo cartoon para livros e quadrinhos em eventos.

É ativista pró autismo e palestrante sobre TEA.

Autor do livro e da página "Humor Azul".

Sua Palestra teve como tema: "Interesses restritos como profissão". 

Trecho retirado página da ANDA:

"Meu nome é Rodrigo Cardoso Tramonte, nasci em Florianópolis-SC no ano de 1980, e resido na cidade até hoje. Sou formado em Artes Plásticas pelo Centro de Artes da UDESC e pós-graduado em Produção Multimídia pelo CESUSC. Trabalhei nas agências DubCom e Brandalise, na Editora Tendência e no SENAI CTAI de Florianópolis, e depois de 7 anos de carteira assinada, me tornei cartunista e caricaturista freelancer. Atendo a área de eventos de Floripa e região desde 2008.
Sou apaixonado pela profissão de desenhista. Usar a imaginação e a criatividade para atender os clientes e ser reconhecido por isto é algo que não tem preço.
Um lema que sempre sigo em meu trabalho é tratar o cliente com respeito. Parte disto se reflete nas minhas caricaturas: em vez de exagerar os traços físicos dos retratados, como se costuma ver em desenhos do gênero, prefiro explorar situações divertidas que expressem a sua personalidade.
Precisando de um desenhista com um trabalho divertido e bem-humorado, e comprometido com a sua satisfação, entre em contato!"


Nataly Pessoa

Nataly foi diagnosticada com Síndrome de Asperger aos 25 anos de idade.

Concluinte do curso de Direito e atualmente é estagiária na área.

Divulga informações e temas relacionados ao autismo, através da sua página Espaço Autista e diversas mídias sociais.

Ativista pró autismo e palestrante na área do TEA.

Sua palestra teve como tema: "O autista nas relações pessoais e profissionais". 

Trecho retirado página da ANDA:

"Durante sua palestra no III CONGRESSO NORTE MINEIRO DE AUTISMO A Nataly falou bastante  sobre sobre aqueles momentos em que a gente ouve muito falar em autismo na infância, do desafio da inclusão escolar, e questionou sobre que irá acontecer depois que estas crianças crescem? Será que elas irão conseguir se encaixar no mercado de trabalho?
Mesmo com tantas dificuldades, muitos jovens diagnosticados estão conseguindo se formar se graduar nos mais variados cursos e faculdades. Mas é preciso alertar que existem muitos que estão ficando para trás principalmente nas pré seleções e que sempre acontecem nas entrevistas de emprego. Foi muito esclarecedora sua palestra todos os expectadores foram com a riqueza de detalhes com a palestrante nos deu a honra de ouvir. Muito bom mesmo".


http://andamoc.org.br/nataly-pessoa/


Wilson Marx

Wilson teve seu diagnóstico com TEA na infância.

Ele fabrica bonecos de pano, escreve poesias, desenha à lápis e estuda violão e violino.

Consultor e preparador de elenco de personagens autistas (Rede Globo e TeleMundo - Miami).

Ele também é administrador de espaços virtuais, todos com o nome de "Menos Iguais" abordando temas sobre autismo. 

Sua palestra teve como tema: "Meltdowns (crises autísticas) X Birras". 

Trecho retirado página da ANDA:

"Quando iniciou a Palestra do Wilson, todos os espectadores fixaram os olhos para aquele fechamento de congresso. O Palestrante foi brilhante em toda a excelência que se mereça afirmar. O se preparar foi implacável, na organização dos assuntos, na entonação de voz, na postura e domínio de concentração. Diagnosticado com TEA tem uma capacidade de domínio intelectual  como poucos que podemos ver por aí. Ficamos encantados com a capacidade de transferir conhecimentos do Sr. Wilson Marx. Quem viu verá que não será tão fácil rever em um palco o que vimos no segundo dia do congresso. Sucesso total. Nos resta agradecer.  Simplesmente…"

http://andamoc.org.br/wilson-marx/

O evento foi um sucesso, todos os palestrantes, bem como todos os espectadores ficaram satisfeitos com a organização.

Espera-se que muitos lugares do Brasil e pelo mundo possam se basear nesse modelo de congresso, dando oportunidade para os próprios autistas palestrarem, pois nada melhor que eles para falarem sobre suas experiências. 

Agradecimentos a todos da equipe da ANDA, que teve essa excelente ideia!











Muito Obrigado!!!