quinta-feira, 21 de junho de 2012

DEPOIMENTO LINDO DO ASPERGER E INGLÊS BRIAN, QUE TAMBÉM É PAI DE DOIS FILHOS AUTISTAS!

Querida Nataly,

Fico muito feliz em postar um pouco da minha vida no seu Blog, um grande prazer para mim! 

Sou pai com dois filhos no spectrum, Benjamin está com 7 anos (quase 8 agora) e Daniel com 19 anos.  
O Benjamin tem um diagnóstico de desordem do espectro autista e Daniel está com um diagnostico do Aspergers sindrome.  Os dois estão muito bem no momento e normais se sentindo muito feliz com vida.  Antes foi muito difícil para pegar os diagnosticos deles porque em Londres, Inglaterra, os médicos nao querem ajudar porque iria gastar muito dinheiro com os diagnósticos.  Então eu preciso lutar 3 anos por cada uma!  Acho que um diagnostico cedo é muito importante para ajudar autistas e Benjamin tinha 4 anos quando ele recebeu o dele.  No caso do Daniel, ele foi diagnostico quando tinha 17 anos e até agora não aceitou o próprio diagnostico dele.  Eu sinto que para ele foi um choque enorme, mas a cada dia ele está melhorando e aceitando a vida dele.

Os dois filhos nasceu 8 semanas prematuros, e pesando 1 kg cada um.  No caso do Benjamin os médicos me disseram que o futuro dele seria muito ruim  e não esperasse por melhoras.  Me dá muito raiva e nunca pensaria desse jeito com meu filho tão pequeno.  Então eu parei de trabalhar para cuidar dele e com muito amor, paciência. Como ele gosta de conversar, de abraços e de brincar o dia inteiro! Há 3 anos atrás, ele começou na escola, mas foi um escola para criança especial, logo ele se adaptou bem rápido e agora está na escolar normal e feliz.  Ele tem algumas amigos também.

Sou inglês e moro em Londres, Inglaterra.  Desde os 6 anos eu sempre gostei de futebol Brasileiro e assisti o Pele jogando na copa do mundo!  Tambem com 7 anos eu sempre gostei de ler as enciclopédias sobre o Brasil e gosto de mais das fotos do Pão de Açúcar e do Corcorvado.  Fui uma criança bem tímida, e andava fora de casa sozinho e passava o dia inteiro.  Meu Pai era um Médico e minha mãe era uma professora e super inteligente.  Infelizmente quando era criança fui muito maltratado  e meu pai nunca aceitou esse filho dele tão differente e quieto.  Só lembro muito de violência e ele me bater todos os dias.  Ele morreu de Câncer quando eu tinha 19  anos.  Minha mãe, eu a amei muito e só ficava ao lado dela como uma sombra.  Infelizmente ela morreu quando eu tinha apenas 11 anos e ela tinha 38 anos de idade e morreu de câncer também.  Para mim, eu morri também com ela e demorei muitos anos para me recuperar.  Passar um ano sem falar com ninguém e so olhava para a chão.  Também não continuei na escola durante um ano.  Até agora eu só sofri com depressão, mas no momento estou muito bem e feliz com minha vida.

Quando voltei  para a escola meus problemas ficaram bem piores.  Cada dia encontreva bullying e violência.  Nunca falava com ninguém, não sei porque mas só aceitava, aceitava porque só diferente e só isso.  Parecia que era um estrangeiro no meu próprio país e os resto das crianças tiveram um código para fazer amizade.  Só lembro ficando sozinho e ninguém para brincar comigo.  

28 anos atrás eu casei com minha esposa, ela é Brasileira.  Minha lua de mel foi no Brasil, Rio e Foz do Iguaçú, foi muito lindo.  Também morei no Brasil durante dois anos entre 1991 ao 93 em São Paulo e trabalhei como um professor do inglês no Yazigi e como professor particular.  Meu filho nasceu no Brasil mas logo depois  precisei voltar para Londres porque ele nasceu tão prematuro e tive problemas com a saúde dele.  Acho que já visitei o Brasil 12 vezes e sempre me sinto muito bem lá, é minha segunda casa! rsrs 

Há 4 anos estou seperado da minha mulher, mas sempre visito meus filhos todos os dias e cuido da minha ex.  Nós sempre tivemos um boa amizade e não brigamos.  Agora estamos ligados novamente, e meio complicado, mas por enquanto temos uma amizade bem forte! 

Agora sou bem diferente, gosto de conversar com todos no Facebook e tenho alguns amigos na realidade, mas sempre eu me sinto um estrangeiro no meu próprio país ate hoje.  Para mim é mais facil conversar com os Brasileiros, mas não entendo o  por quê dessas coisas estão?  Durante os anos como adulto eu faço muita terapia para ajudar a me socializar e  até agora ninguém percebeu que eu tenho asperger, muitos amigos me disseram que eu nao tenho e eu me sinto muito chateado com isso.  Só fui diagnosticado há um ano e meio atrás, quando tinha 50 anos de idade.  Como foi difícil fechar esse diagnóstico porque os médicos bloquearam minha consulta para ver um médico para o autismo.  Eu precisei luta, brigar e escrever uma carta de 40 paginas para os médicos entenderem meu comportamento.  Acho que um diagnóstico ajuda muito porque agora eu entendi porque meu pai rejeitava o filho dele, porque as crianças me bateram, e porque é tão difícil fazer amizades.  Agora eu entendi mas não aceito o comportamento deles. Nao é justo, porque é preciso rejeitar uma pessoa por causa das diferenças?  Para o futuro eu quero ver um mundo sem preconceito, e onde gente com autismo seja bem aceito.  Autistas têm bastante qualidades para oferecer nesse mundo e às vezes eu penso do que há só um jeito para ser e não vários.

Quê mais! sim, gosto de jogar tênis, fotografias, andar de bicicleta e ajudar qualquer família ou pessoas com autismo.  Mas sem dúvida, o maior prazer na minha vida é cuidar dos meus filhos.  Tenho muito orgulho, sou um pai de crianças especiais.  Sim, é difícil mas vale a pena sempre.  Ok, só um pouco da minha vida.
Muito obrigado querida Nataly! abraços.

Brian e família.

5 comentários:

  1. Que linda sua história Brian...parabéns!!

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Brian! Muita superação!

    ResponderExcluir
  3. Linda mesmo uma lição de vida!

    ResponderExcluir
  4. amigo!!!!
    parabéns por ser quem vc é e aceitar o seu diagnóstico.
    ja sou sua fã.
    dani

    ResponderExcluir
  5. Alguém já viu um filme que passava várias vezes na sessão da tarde,nos anos 80,o nome me recordo muito bem tenho procurado muito esse filme para mostrar para meu filho que tem o nome do menino autista: Brian,não consigo encontrar.O filme se passa numa instituição,onde a responsável é uma senhora alemã,muito emocionante qdo gravam a voz do menino e ouvem numa rotação mais lenta e descobrem que ele sabia falar só que muito rápido.Se alguém souber por favor,me de notícias do filme, obrigada! Meu email: silviahcard@hotmail.com

    ResponderExcluir