sexta-feira, 29 de junho de 2012

Surfe usado como terapia para jovens com deficiência intelectual

Muito bom, pessoal!

  A prática de surfe está sendo promovida na Grã-Bretanha como terapia, em escolas especializadas, para jovens com deficiência intelectual.
Um dos alunos da escola Discovery Surf School, em Devon, na costa sul da Inglaterra é Archie Pollock, 13 anos, que tem uma forma mais severa de autismo.

Ele mal fala ou escreve, não consegue permanecer quieto e se recusou a comer carne, peixe ou verduras durante anos. Archie gosta de aproximar das pessoas e farejá-las e não pode ser deixado sozinho.
Há dois anos, a mãe de Archie, Christianne, ficou sabendo as aulas na Discovery e levou o filho.
Depois de negociar com Archie o uso do macacão para surfar nas águas geladas costa britânica, já que ele não suporta roupas apertadas, o menino começou a ter sessões semanais de surfe.
Segundo Christianne, depois de começar a surfar, Archie ficou mais relaxado e tranquilo na presença de outras pessoas.
"No ano passado ele surfava durante todo o tempo livre que tinha. Ele estava relaxado e nós estávamos relaxados. Foram as primeiras férias (em família) que nós realmente aproveitamos."
A mãe do menino acredita que a exposição ao vento e às ondas ajudou Archie.
"Ele gosta dos elementos. Ele é muito sensorial e eu imagino que o surfe forneça isto (sensações)", disse.

Veteranos

  Há vários anos, na Grã-Bretanha, membros das Forças Armadas que sofriam de transtorno de estresse pós-traumático disseram que a prática do surfe aliviava sintomas do transtorno.
Várias escolas de surfe do país agora estão aceitando crianças com autismo, paralisia cerebral e síndrome de Down.
Mas, para Matthew White, pesquisador do Centro Europeu para o Meio Ambiente e Saúde Humana, na Cornualha, não há provas conclusivas dos benefícios do surfe para estes casos.
"É por estar na água, pela atividade física, é a qualidade dos instrutores, é melhor que qualquer terapia com arte, montaria em cavalos ou ficar em casa assistindo (o time da) Inglaterra vencer a Ucrânia enquanto bebe uma cerveja?" questiona o pesquisador.
"Nós simplesmente não sabemos, pois não foi feito nenhum estudo de controle", acrescentou.
O Centro Europeu para o Meio Ambiente e Saúde Humana trabalhou com a empresa de surfe baseada na Cornualha Global Boarders, que dá aulas para crianças que foram excluídas de escolas.
White conta que estas aulas trouxeram "mudanças positivas" nas atitudes e comportamentos das crianças.
"Temos algumas ideias do porque isto aconteceu, mas não é uma solução rápida e mágica. Vai depender muito do profissionalismo e dedicação dos (professores) que participam do programa e não vai funcionar com todo mundo."
"Como um entusiasta do surfe, porém não muito bom, posso ver onde estão os benefícios mas... não deveríamos confundir palpites com provas", afirmou.

Competição

   Na semana passada mais de 40 competidores participaram em Newquay, na Cornualha, do que pode ter sido o primeiro torneio de surfe para pessoas com problemas de aprendizado.
O organizador do torneio, o Wave Project, fez um programa de seis semanas com verbas do serviço público de saúde britânico, o NHS, em 2010 para analisar o efeito do surfe em pessoas com problemas de saúde mental.
O relatório produzido concluiu que, por 49 libras (quase R$ 158) por pessoa, por aula, o surfe "vai fornecer um retorno social positivo para o investimento", mas afirma também que é preciso fazer mais pesquisas.
Agora o Wave Project tenta conseguir verbas do NHS para que um assistente de pesquisa analise os benefícios no longo prazo.
"É difícil justificar (o pedido) quando as pessoas estão perdendo o emprego, mas se economizar dinheiro no longo prazo reduzindo o custo dos tratamentos de saúde mental, valerá a pena", afirma Joe Taylor, coordenador do Wave Project.
Para Christianne Pollock, mãe de Archie, não há dúvidas de que a proposta é válida.
"Depois de anos de atividades que duravam no máximo alguns minutos, ver Archie encontrar algo que ele faz feliz durante horas ainda me emociona", disse.

 

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