Olá amigos,
Hoje estou postando um artigo muito importante, que fala sobre a deficiência intectual, nos casos mais severos, indicado pela mãe Mariluce Caetano. Segundo a cartilha dos Direitos dos Autistas e o Decreto 3298/99, são considerados portadores de deficiência mental/ intelectual, os autistas que possuem QI's acima ou abaixo da média.
É extremamente necessário que todos leiam esse artigo, principalmente os profissionais da educação.
DEFICIÊNCIA (INTELECTUAL)
Os alunos com problemas intelectuais graves são aqueles cujo desempenho
intelectual se situa, aproximadamente, no 1% mais baixo da distribuição
normal da população. Tradicionalmente, eram alunos que apresentavam Q.
I. com valores abaixo de 50 e muitos eram designados de atrasados
mentais moderados, severos ou profundos. Além de apresentarem um
funcionamento intelectual dentro do 1% mais baixo da população em geral,
estes alunos apresentam, ainda, uma vasta gama de dificuldades
associadas, como seja a surdez, cegueira, cegueira-surdez, dificuldades
nos movimentos finos, comportamentos inadequados graves, incapacidade de
comunicação verbal, incapacidade de andar sem ajuda, ritmos de resposta
extremamente baixos e graves problemas de saúde.
1 - Característica de aprendizagem e comportamento
2 - O número de competências que podem ser adquiridas
3 - Número de repetições e tempo necessário para adquirir competências
4 - Esquecimento - Evocação
5 - Transferência - Generalização
6 - Complexidade das tarefas
7 - Síntese de competências.
1 - Característica de aprendizagem e comportamento
A indicação de problema intelectual grave deverá significar diferenças,
tanto em grau como em qualidade, em relação aos que não são assim
designados. Ao compararmos estes alunos com os seus colegas sem
problemas da mesma idade cronológica, eles evidenciam dificuldades no
comportamento e em quase todas as áreas da aprendizagem. Estas
dificuldades deverão ser contempladas individualmente e construtivamente
nos programas educativos. Isto não implica minimizar uma realidade
irrefutável e extremamente importante de que, embora intelectualmente
diferentes, eles são cidadãos de pleno direito considerando várias
dimensões como dignidade humana, direitos constitucionais, liberdades
individuais, direito à educação e qualidade de vida. Abaixo vamos
referir-nos a seis de entre muitas das características importantes da
aprendizagem e comportamento e que são objeto de tratamento especial
neste artigo.
2 - O número de competências que podem ser adquiridas
Desde o nascimento até os 21 anos, os alunos com problemas intelectuais
graves adquirirão muito poucas competências comparativamente com os
aproximadamente 99% restantes que constituem os seus colegas da mesma
faixa etária. Deste modo, é extremamente importante selecionar as
aprendizagens mais importantes para um desempenho efetivo tanto nos
ambientes integrados e atividades imediatas como futuras. Por outro
lado, não deveremos desperdiçar tempo letivo a ensinar competências que
não sejam minimamente propiciadoras de uma qualidade de vida aceitável
em ambientes e atividades integradas. Uma das estratégias a que podemos
recorrer para determinar a importância relativa do ensino de uma
determinada competência - o recurso ao "Perguntar por que razão..." – é
nos apresentada por Brown, Shiraga e outros (1987).
3 - Número de repetições e tempo necessário para adquirir competências com um mínimo de qualidade aceitável
Geralmente, quanto maior for o atraso intelectual de um dado aluno,
maior será o número necessário de repetições de uma dada aprendizagem,
para que seja conseguido um desempenho com uma qualidade aceitável.
Assim, deverão criar-se condições para que, individualmente e de um modo
empírico, no tempo letivo do aluno se favoreça o maior número de
repetições de uma dada aprendizagem. Por outro lado, deveremos evitar
estipular aprendizagens com tempo determinado ao longo do currículo
como, por exemplo, "Nas sextas-feiras de novembro vamos jogar bola", "Em
fevereiro vamos aprender como fazer compras".
4 - Esquecimento - Evocação
O esquecimento define-se pelo decréscimo no desempenho de uma
determinada competência adquirida depois de passar algum tempo e durante
o qual ela não é exercitada ou é exercitada com pouca freqüência. A
evocação refere-se ao tempo e esforço letivo necessário para reaprender
uma dada competência e atingir um nível de desempenho semelhante ao
inicial. Geralmente, os alunos com problemas intelectuais graves tendem a
esquecer mais e a necessitar de muito mais tempo e repetição para
recuperar as aprendizagens ao nível inicial do que os restantes alunos.
Estes problemas de esquecimento-evocação sugerem-nos 4 princípios
educativos:
1. Competências exigidas freqüentemente em ambientes não
escolares, com os quais o aluno tenha geralmente de se confrontar,
deverão ser objeto do programa do aluno.
2. Antes de incluir essas
competências no programa de aprendizagem do aluno, deve confirmar-se que
realmente cada uma dessas competências será utilizada freqüentemente se
tiver sido aprendida.
3. Deverá existir um conjunto de serviços educativos ao longo de todo o ano.
4. Deverá existir uma coordenação e uma comunicação perfeita entre as pessoas relevantes dos ambientes escolar e não escolar.
5 - Transferência - Generalização
O desempenho de uma dada competência sob condições diferentes daquelas
em que ela foi adquirida é designado de transferência de aprendizagem ou
generalização (Stokes & Baer, 1977; Williams, Brown & Certo,
1975). Geralmente, quanto mais grave for o problema intelectual de um
dado aluno, menos segurança temos em acreditar que as aprendizagens
feitas em dadas circunstâncias se utilizem aceitavelmente noutras
circunstâncias. Por exemplo, é muito pouco provável que um aluno, com
atraso intelectual profundo com paralisia cerebral associada, seja capaz
de transferir as competências necessárias para tirar 12 ovos de
plástico de uma embalagem de ovos de plástico e colocá-los na seção de
ovos da geladeira de plástico de uma cozinha simulada da escola, para a
de sua casa, onde será necessário pegar em ovos reais, retirá-los da sua
frágil embalagem e colocá-los delicadamente na geladeira.
6 - Complexidade das tarefas
Existe uma infinidade de tarefas complexas que podem ser adquiridas por
alunos sem problemas e que, ou não poderão ser adquiridas por alunos
com problemas intelectuais graves, ou o investimento na sua aprendizagem
é extremamente desvantajoso e ineficaz. Memorizar a tabuada, fazer
grandes operações de dividir, aprender os nomes dos Presidentes da
República, ou cantar o Hino Nacional, são alguns poucos exemplos disso.
Igualmente, pretender ensinar competências complexas que exigem tempo e
esforço altamente desproporcionado conduz a desequilíbrios curriculares
graves. Um claro exemplo do que acabamos de dizer é dar preferência à
utilização de 2 horas diárias no ensino da categorização dos alimentos
em 4 grupos, em vez de ensinar o mínimo necessário para preparar uma
refeição simples, comprar o que seja necessário ou saber fazer o pedido
de uma refeição num restaurante. A escola deve proporcionar o ensino
eficiente e rentável das várias competências complexas necessárias a
cada indivíduo e que sejam adequadamente equilibradas face às exigências
da larga gama de ambientes integrados escolares e não escolares.
7 - Síntese de competências
Um aluno sem problemas intelectuais poderá aprender uma competência no
domínio da matemática, outra no domínio da leitura e uma terceira no
domínio da linguagem. A partir destas diferentes aprendizagens, ele será
capaz de sintetizá-las e aplicá-las ao fazer compras na loja do seu
bairro. É muito pouco provável que um aluno com problemas intelectuais
graves seja capaz de sintetizar aprendizagens de 3 contextos diferentes e
aplicá-las de um modo funcional numa outra situação. Estas dificuldades
exigem que o ensino seja ministrado nos ambientes que exijam essa mesma
síntese. Em outras palavras, muitas competências necessárias para fazer
compras, como seja sociabilização, operações com dinheiro, leitura,
linguagem, motricidade, segurança rodoviária e outras deverão ser
ensinadas em situação real de fazer compras a sério.
Em
resumo, tenha em mente alguém que pode aprender, mas menos que os
restantes 99% dos seus colegas da mesma idade; que necessita de muito
mais tempo e repetição para aprender e reaprender do que os outros; que
esquece mais do que quase todos os outros se não praticar
freqüentemente; que tem dificuldade em transferir aquilo que aprendeu
num dado ambiente para outro; e que raramente consegue sintetizar as
aprendizagens adquiridas em diferentes situações de modo a aplicá-las
efetivamente numa nova situação. Por fim, faça a pergunta: "Quais são as
características determinantes dum programa educativo que possibilitarão
a este aluno ser tão produtivo, independente e eficiente quanto
possível, numa vasta gama de ambientes integrados, no final do seu
percurso escolar?"
Fonte: Malha Atlântica | Portugal
Texto adaptado para divulgação no site do Instituto Indianópolis.
Extrato traduzido e adaptado do artigo de Kathy Zanella Albright, Lou
Brown, Pat VanDeventer e Jack Jorgensen (1987). O que os professores do
ensino normal devem saber acerca dos alunos com problemas intelectuais
graves. In L. Brown et al. Educational programs for students with severe
intellectual disabilities, Vol. XVI. Madison, WI,: Madison Metropolitan
Schools District.
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